O Papel do Psicólogo na Luta pela Igualdade e Justiça Social.
- Jader Gonçalves
- 8 de fev. de 2024
- 3 min de leitura

Os três primeiros princípios fundamentais descritos no código de ética do profissional psicólogo (2005), nos orienta que:
I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.
O papel do psicólogo na luta pela igualdade e justiça social é fundamental e multifacetado. Como profissionais dedicados ao entendimento do comportamento humano e à promoção do bem-estar psicológico, os psicólogos têm uma responsabilidade ética e social de se envolver ativamente na busca por uma sociedade mais justa e igualitária.
Portanto o fazer psicológico e a luta social são campos intimamente interligados, oferecendo perspectivas valiosas sobre a dinâmica humana e seu papel na transformação da sociedade, buscando a mobilização coletiva para promover a justiça, a igualdade, e uma compreensão mais profunda das complexidades que emergem deste meio social.
Enfatiza-se assim, a importância da empatia, da solidariedade, do respeito e das observações dos fatores sociais na formação de atitudes e comportamentos relacionados a busca pela promoção de mudanças sociais significativas.
Nesse contexto, a psicologia oferece insights sobre estratégias de enfrentamento e cuidado para os indivíduos envolvidos. Busca a criação de comunidades de apoio e espaços seguros de diálogo, o que pode fortalecer os laços e promover o bem-estar dentro dos movimentos sociais, desempenhando assim, um papel crucial na compreensão das barreiras que impõem uma resistência à mudança, e também, na promoção de estratégias eficazes para a transformação de sistemas sociais.
Ainda como exemplo, a observação do design e da organização dos espaços sejam eles físicos ou sociais, pode nos ajudar a compreender como tal distribuição exerce influência no comportamento humano, a partir deste olhar, podemos destacar elementos que irão contribuir para a criação de comunidades mais sustentáveis e inclusivas. Ao integrar essas perspectivas psicológicas na formulação de políticas públicas, práticas e espaços sociais, é possível promover uma mudança nas relações entre os indivíduos, e destes com o próprio espaço que ocupam.
Os psicólogos devem promover a conscientização, a educação e o debate sobre questões que refletem a desigualdade e injustiça social. Através de palestras, workshops e programas de treinamento, pode-se sensibilizar indivíduos e comunidades sobre temas como racismo, sexismo, homofobia, transfobia e outras formas de discriminação. Ajudando no desenvolvimento de políticas públicas e práticas institucionais que promovam a igualdade de oportunidades e a inclusão social.
É importante que nós psicólogos, examinemos criticamente nossas práticas profissionais e os sistemas de poder nos quais estamos inseridos. Isso inclui reconhecer e confrontar preconceitos implícitos e privilégios pessoais, bem como trabalhar para tornar as abordagens terapêuticas e intervenções cada vez mais culturalmente sensíveis e socialmente justas, sem se desprender do rigor científico, que fundamenta e confere legitimidade as mesmas.
A autorreflexão sobre nosso papel social e o aprendizado contínuo são essenciais para que se possa verdadeiramente buscar uma atuação cada vez mais comprometida com a luta pela equidade e a justiça em nossa prática profissional.
Ao educar, intervir, pesquisar e refletir sobre questões sociais que refletem as desigualdades e injustiças, os psicólogos podem contribuir significativamente para a construção de uma sociedade mais inclusiva, justa e equânime para todos, já que a interseção entre psicologia e luta social oferece uma compreensão mais completa dos processos individuais e coletivos envolvidos na busca pela justiça social e igualdade, pois fazer psicologia é e deve ser fazer luta social.
“Toda psicologia é social, o que significa que cada área específica da psicologia deve assumir dentro de sua especificidade a natureza histórico-social do ser humano, porém, sem perder a sua qualidade de sujeito da história” (Lane, 1989, p. 19).
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